Culpa vs. responsabilidade
Já se deparou com a situação onde você, mesmo não tendo responsabilidade pelo que vem a seguir, se pega amargurando uma culpa? A sente como uma paralisia que te impede de avançar, tratar outras coisas, problemas, tarefas da sua vida?
Resumo: Responsabilidade não é o mesmo que culpa, mas não é por que não é sua culpa que tudo deixa de ser sua responsabilidade. Existem problemas que mesmo não sendo nossa culpa são nossa responsabilidade, como quando uma caixa com filhotes é deixada à sua porta.
CULPA E RESPONSABILIDADE
Culpa é um sentimento prolongado, um desejo de ter feito ou deixado de fazer algo específico, e que este ato poderia e deveria ter sido feito diferente. Nos faz repetir a situação mentalmente e as infinitas formas pelas quais poderia-se ter evitado o erro. A culpa, como bem diz Julio Waltz no seu livro “O Sentimento de Culpa”, é um sentimento inútil, que não constrói, e está no cerne de muito sofrimento mental.
Sentir-se culpado não é sentir-se responsável. Bem pelo contrário, muita gente culpada também é culpada crônica, reincidente. A culpa sem responsabilidade é o preço que a pessoa paga para se justificar e continuar a se autorizar a fazer o que ela quer e considera errado. A pessoa, em conflito, não consegue nem assumir o seu desejo “sim, é isso mesmo que quero, e aceito as consequências”, nem renunciar ao desejo “eu gostaria, mas não vou fazer pois não quero as consequências”.
O culpado
O culpado continua fazendo o que lhe faz sentir culpado, e depois vem o sentimento de culpa como uma autopunição, como um açoitar as próprias costas em penitência, mas sem assumir o erro a quem possa interessar, nem se comprometer a tratar nem causas nem consequências.
Quando um indivíduo sente responsabilidade ao invés de culpa ele pensa que da próxima vez ele vai fazer diferente. Enquanto a culpa aponta para aquilo que acha errado. Responsabilidade é o que irá fazer com o que aconteceu, a responsabilidade aponta para aquilo que você acha certo.
Como responder à culpa
Como você aproveitou aquilo que lhe atingiu? A vida não é feita por aquilo que lhe atinge, você não precisa ser vítima de todas as coisas que lhe afligem. Você deve aproveitar de alguma maneira os problemas. Todas as vidas são cheias de problemas simplesmente por que se tudo fosse sempre da melhor maneira possível, só haveria uma única maneira de ser, e isso seria completamente monótono. Essa monotonia seria o mesmo que não viver oscilações. Sem oscilações não haveria bom ou ruim, haveria só a repetição das mesmas coisas. A forma como você lida com seus problemas é que define como você vive:
Se você escolhe seus problemas e se responsabiliza por resolvê-los, está a cada dia superando uma etapa. Mas se procura culpados ou está sempre se culpando, mas sem responsabilizar-se por eles, está sempre sendo vítima da vida, por não assumir que é vítima de si mesmo.
Resumidamente:
Culpa: paralisa, está no passado, aponta para o que você considera errado.
Responsabilidade: mobiliza, está no presente, aponta para o que você considera certo.
Você se recompensa pelas coisas certas?
Pessoas com inteligência emocional forte entendem que é impossível controlar todas as circunstâncias e as emoções. Eles alcançam seu crescimento individual justamente através da resolução de seus próprios problemas. São eles que dão a segurança de quem costuma dizer “já passei por coisas assim, isso é fácil para eu resolver”.
Qual é a atenção e a recompensa que você se dá quando conquista? E qual é a atenção que se dá quando fracassa?
Existem pessoas que vivem diminuindo a conquista dizendo que não foi nada demais. Mas quando fracassam, fazem questão de não dormir de noite e manter o pensamento de que não poderia ter errado vivo, ecoando. Lembre-se: tudo que você reafirma, fortalece na memória.
As memórias nos tornam quem somos. São elas que nos ajudam a compreender o mundo e moldam nossa visão. São aquilo que nós lembramos e aquilo que queremos esquecer. Portanto é importante criar eventos relevantes que nos façam lembrar das nossas conquistas, como a formatura, o casamento. Eles significam passagem, são de origem tribal, ou cultural e nos ajudam a estabelecer novas fases em nossa vida, deixando coisas para trás e iniciando novos hábitos. Do mesmo modo é importante reciclar, ressignificar as memórias antigas utilizando-se de eventos que substituam experiências ruins por experiências boas que simbolizam a recuperação, a superação de uma certa dificuldade ou um certo trauma.